ESCANDALO: SECRETÁRIO FALA PELOS COTOVELOS. AÍ... SERÁ QUE A CULPA FOI DA IMPRENSA ?
ENTIDADES CIVIL PEDEM SAIDA DO SEC. WILSON DAMÁZIO DEPOIS DE DECLARAÇÃO A IMPRENSA.
A atitude foi uma resposta à polêmica criada no Recife após as declarações de Damázio para uma entrevista ao Jornal do Commercio, publicada também nesta quinta.
A reportagem faz parte de uma série, realizada pela jornalista Fabiana Moraes e publicada ao longo desta semana.
Os textos mostraram, a partir do mote dos 80 anos do livro "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre, que o abuso de jovens negras e pobres no Recife continua até hoje.
Entre os assuntos abordados, havia denúncia sobre estupros, cometido por policiais militares.
Entre os trechos da reportagem, o Secretário da Defesa Social, Damázio diz que "desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da gente, tem irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu? Lógico que homossexualidade não quer dizer bandidagem, mas foge ao comportamento da família tradicional. Então, em todo lugar tem alguma coisa errada..."
Em outro ponto da entrevista, o secretário de Defesa Social diz falou "aqui tem muitos problemas com mulheres, principalmente... Elas às vezes até se acham porque estão com policial. O policial exerce um fascínio no dito sexo frágil... Eu não sei por que é que mulher gosta tanto de farda. Todo policial militar mais antigo tem duas famílias, tem uma amante, duas. Eu sou policial federal, feio pra c**... a gente ia para Floresta [Sertão de Pernambuco], para esses lugares. Quando chegávamos lá, colocávamos o colete, as meninas ficavam tudo sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às vezes eram mulheres casadas. Pra ela é o máximo tá dando pra um policial. Dentro da viatura, então, o fetiche vai lá em cima, é coisa de doido."
Na carta divulgada nesta tarde, o secretário diz que as declarações "não constituem meu pensamento nem minha visão do mundo, razão pela qual repilo os termos e peço desculpas a todos aqueles que porventura tenham se sentido ofendidos". Damázio afirma também que "a entrevista que embasou a reportagem foi interrompida em vários momentos, como a própria autora relata, permitindo o desenvolvimento, nesses intervalos, de conversações informais, em tom de brincadeira e termos que, reconheço, foram inapropriados e inadequados".
Repercussão na sociedade civil
Na tarde desta quinta feira dia 19.dez.13, entidades sociais reuniram a imprensa para pedir o afastamento de Wilson Damázio, por interpretarem "machista" e "homofóbica" as declarações feitas pelo gestor.
As organizações, também informaram que, nesta sexta dia 20.dez.13, entrarão com uma representação no Ministério Público cobrando a responsabilização política, civil e penal de Damázio.
Em nota, as entidades afirmam que as declarações do secretário reafirmam "valores machistas e homofóbicos e defendendo, sem nenhum pudor e de forma debochada, o discurso violento de que a culpa é da vítima". "O discurso dele, foi no sentido de legitimar e justificar o crime público feito por agentes do estado", pontuou Ana Paula Portela, representante do grupo Direitos Urbanos-Recife-PE.
Uma das representantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Mariana Azevedo, repudiou as declarações de Damázio.
"Foi uma violência cometida contra todas as mulheres e mostra também a faceta institucional do machismo. É inadmissível que um profissional do alto escalão do governo, indicado pelo governador, continue no cargo. E não é só a figura de Damázio, queremos também que o governo reveja sua política de defesa segurança do estado", disse.
Representante da coordenação de transsexuais no Fórum LGBT de Pernambuco, Chopelly Santos também criticou a postura do secretário Damázio. "O Fórum vê essa atitude abusiva, de uma pessoa que parou no tempo, pois nós também estamos dentro da sociedade, pagamos nossos impostos. Ver o homossexual como desvio de conduta é arcaico. Ele não tem condição psicológica nem estrutural de estar nesse cargo. Esse mesmo secretário já havia dito que 90% dos crimes LGBT não são homofóbicos, mas passionais. Como vai se trabalhar a sensibilização e humanização da polícia com uma cabeça dessa?", questionou.
A enfermeira Eleonora Pereira esteve na reunião, que ocorreu na sede do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), no bairro de Santo Amaro, área central do Recife.
Ela externou a completa insatisfação em relação ao trabalho de Wilson Damázio à frente da SDS. "Eu, como mãe de homossexual, assassinado, repudio e quero que ele se retire, pois não sabe tratar, falar e apoiar esse público", disse.
O filho de Eleonora, José Ricardo, foi assassinado em 2010. Aos 24 anos, o rapaz foi sequestrado na porta de casa e espancado, no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, falecendo em um hospital público.
Ela explicou que o primeiro inquérito relacionava a causa do crime com envolvimento do jovem com drogas.
A delegada envolvida no caso foi afastada e a substituta concluiu que o homicídio teve caráter homofóbico.
Veja, abaixo, na íntegra a nota divulgada pelo secretário de Defesa Social:
"Eu, Wilson Damázio, Secretário de Defesa Social, com relação às declarações a mim atribuídas em reportagem do caderno Cidades do Jornal do Commercio de hoje, dirijo-me à sociedade pernambucana para declarar que as mesmas não constituem meu pensamento nem minha visão do mundo, razão pela qual repilo os termos e peço desculpas a todos aqueles que porventura tenham se sentido ofendidos.
Esclareço ainda que a entrevista que embasou a reportagem foi interrompida em vários momentos, como a própria autora relata, permitindo o desenvolvimento, nesses intervalos, de conversações informais, em tom de brincadeira e termos que, reconheço, foram inapropriados e inadequados.
Reafirmo, por fim, que se as palavras, como é fato, não representam minhas ideias nem minha história de vida, muito menos ainda, podem ser confundidas com as políticas desenvolvidas pelo Governo do Estado que vem revolucionando a Segurança Pública no Brasil com transparências, práticas cidadãs além de total e absoluta intolerância com qualquer conduta contrária aos direitos humanos, à liberdade de expressão e à proteção dos direitos individuais da pessoa humana.
Para proteger o governo e o seu legado, informo que já coloquei o cargo à disposição do governador Eduardo Campos".G1.
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