A pequena
e atrasada Cuba, cujo dia-a-dia, os automóveis e o povo estacionaram nos anos
50, tragicamente congelados pelo regime comunista, tem lições graves a dar às
autoridades brasileiras que desembarcam na ilha a partir deste domingo.
O
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e seu anunciado sucessor, Arthur Chioro,
que integram a comitiva da presidente Dilma, em particular, deveriam se
debruçar sobre como e porque um país que investe praticamente os mesmos 7,5% do
PIB em Saúde, como faz o Brasil, consegue resultados impressionantes.
Apenas
para exemplificar:
- Cuba
erradicou a desnutrição infantil há cinco anos - em 2009. São dados do Unicef,
que os reconfirmou em 2011.
E é o único país da América Latina e do Caribe a
fazê-lo.
- Cuba tem a segunda menor taxa de mortalidade infantil do mundo (7 por mil
nascidos, até os cinco anos), só perdendo para o Canadá.
- Cuba apresenta uma cobertura vacinal de quase 99,8% da população (de pouco
mais de 11 milhões de habitantes).
- Cuba tem uma expectativa de vida ao nascer similar à dos EUA: 77 anos.
- Cuba é o país do mundo com maior proporção de pessoas com mais de 100 anos,
chegando a ter cinco vezes mais indivíduos centenários que o Japão, em termos
relativos (1551 indivíduos em 11,2 milhões de habitantes).
Na
Educação, Cuba foi o primeiro país do mundo a erradicar o analfabetismo. E fez
isso há mais de meio século: 1961.
Custou
aos revolucionários, seguidores Marx e Lenin, capitaneados por Guevara e Fidel,
menos de três anos para reduzir a zero o analfabetismo, que passava dos 40% na
zona rural.
Passados
55 anos da Revolução, a paradoxal Cuba segue sendo um laboratório a céu aberto,
para o bem e para o mal, que, aos olhos estrangeiros causa ao mesmo tempo
admiração, espanto e horror. E fornece uma extraordinária aula sobre o que se
deve e o que não se deve fazer a um povo.
É fato que
índices semelhantes são alcançados no mundo rico, isto é, em sociedades
capitalistas que deram certo, como é o caso do Canadá, Suíça, Suécia e
Dinamarca. São países que acumulam séculos de aprimoramento da vida em
sociedade e de economia estável.
Uma vez que a precária Cuba também chegou lá,
a explicação parece ser mais complicada e remete à pergunta: em que medida a
dedicação obstinada do gestor público pode superar a falta de recursos?
Cuba
também impressiona na mão oposta: a da tragédia do desrespeito aos direitos
individuais e aos direitos humanos na ilha dos Castro. Neste paradisíaco pedaço
de chão do Caribe, é proibida qualquer forma de oposição, há cerca de 200
prisioneiros políticos, 40 presídios de segurança máxima e o simples acesso não
autorizado à internet pode levar à pena de 5 anos de prisão.
Há meio
século a população de todo o país vive confinada em suas fronteiras, sujeita a
regras que a mantém refém do atraso, da pobreza e do subdesenvolvimento - e sem
nem mesmo o mais elementar dos direitos: o de reclamar.
Tudo isso, apesar do
sucesso naqueles indicadores sociais que transformam o país num fenômeno
bizarro da velha ordem mundial.