sábado, 17 de maio de 2014

PMs ENVOLVIDOS COM GREVE PERNAMBUCO PODERÃO SER PUNIDOS.

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, informou, em entrevista coletiva no fim da tarde de sexta-feira  dia 16, que os policiais militares envolvidos com o movimento grevista realizado em Pernambuco poderão ser punidos. 
"Greve é considerada motim ou rebelião pelo Código Penal Militar. 
Estou falando de crime. Estamos consolidando os dados para instaurar inquéritos, para encaminhar à Justiça Militar. 
Tudo será feito em seu devido tempo e respeitando todos os direitos dos envolvidos, que podem responder a ação de ordem criminal ou responsabilização civil", acrescentou Carvalho.
Apesar do fim da greve, 2.250 homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública seguem nas ruas de Pernambuco, sendo 1.300 na capital e região metropolitana, e 950 nas cidades do interior. 
"A logística para trazer as tropas é complicada e onerosa. Já que houve essa despesa, é prudente que a tropa permaneça no estado, mas essa medida de exceção pode ser retirada a qualquer momento", pontuou o secretário Carvalho. Essa redução do tempo também é considerada pelo governador João Lyra Neto. "Ele poderá ser reduzido, dependendo do restabelecimento do clima, ou prorrogado, mas nós acreditamos que [a ordem] deverá ser restabelecida o mais rápido possível", disse.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), no período da paralisação, houve aumento de 136,35% no número médio de roubos no estado. 
Entre 1º de janeiro a 12 de maio, a média foi de 126,5 por dia.  
De 13 a 15 de maio, período da greve, foram 897 roubos, elevando a média para 299 por dia.
Em relação aos homicídios, a SDS informou que a média de assassinatos durante a paralisação foi de 13,3 homicídios por dia, em Pernambuco, quantidade superior à registrada nos primeiros doze dias do mês (9,8). 
Durante a mobilização dos PMs, foram registrados 12 homicídios no Recife, mais 14 na região metropolitana e outros 14 no interior. 
Já o número de furtos no estado caiu 22,86%. "Apesar da quantidade de pessoas saqueando que vimos em diversos estabelecimentos, cada loja é uma ocorrência, é considerado um único furto", detalha Carvalho.
 João Lyra Neto e Alessandro Carvalho, em reunião no Palácio do Campo das Princesas (Foto: Eduardo Braga / Secretaria de Imprensa ) Governador João Lyra Neto e secretário Alessandro Carvalho, em reunião no Palácio do Campo das Princesas (Foto: Eduardo Braga / Secretaria de Imprensa )
O general Jesus Corrêa, da 7ª Região Militar (RM), comandante da operação em Pernambuco, disse que hoje estão em atuação tropas do próprio estado e outras vinda de Maceió, que foram convocadas para garantia da lei e da ordem pública. "Além da capital, ocupamos cidades estratégicas, como Petrolina, no Sertão, e Garanhuns e Caruaru, no Agreste. Passamos a realizar o patrulhamento e a autuação de ações delituosas, como saques. Na parte da tarde [de hoje], realizamos um périplo nos principais pontos do estado e vimos que a população tem retomado seu cotidiano, que está de volta à normalidade", pontuou o general.
Corrêa detalhou que a capital foi dividida em quadrantes. Os militares ocuparam pontos recomendados pela SDS onde havia mais ocorrências, como o entorno do Aeroporto do Recife, terminais de ônibus e locais de grande circulação. Segundo Carvalho, após o fim da paralisação, os PMs voltaram de forma gradual ao trabalho, antes da meia-noite de quinta-feira (15). "Acompanhamos as trocas de turnos, que ocorrem às 7h, e tudo ocorreu bem. Não tivemos mais registros de saques e roubos", comentou.
O general contou também que tropas do Rio Grande do Norte estavam em deslocamento, mas voltaram a seus quartéis em função do fim da greve. Militares lotados em outros estados também já tinham sido mobilizados. O secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que a ação integrada no estado continua sendo acompanhada por uma comissão permanente.
Tanto o secretário Alessandro Carvalho quando o governador João Lyra Neto chamaram a atenção para as cenas de vandalismo durante os saques promovidos pela população de várias cidades. "Não é somente a ausência da polícia que provocaria a população a fazer saques como foram feitos. Nós temos que aprofundar essa investigação, ver as causas desse sentimento da população. [...] Se aconteceu em Pernambuco, deverá acontecer em outros estados, nós temos a preocupação de identificar essas causas", destacou Lyra Neto. "A polícia não estava nas ruas e vimos o que se instalou. Não eram criminosos contumazes envolvidos nos crimes, mas mulheres e até crianças. Isso merece uma grande reflexão", opinou Carvalho.
Posição dos grevistas
Na sexta, as lideranças da comissão independente dos PMs que organizou a paralisação voltaram a afirmar que as conquistas conseguidas pela categoria foram importantes. 
"Por causa de uma lei, não pudemos lutar mais sobre o aumento de nosso salário, mas conseguimos vitórias", afirmou o soldado Joel Maurino, um dos líderes do movimento. 
A partir da segunda-feira (19), uma comissão irá acompanhar a votação do plano de promoções dos praças na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Fim do movimento 
A comissão independente de policiais e bombeiros militares decidiu encerrar a greve da Polícia Militar, na noite da quinta, em assembleia no Centro do Recife. A reunião foi tumultuada e os líderes do movimento chegaram a ser vaiados por quem queria continuar com a paralisação. 
Três itens foram acordados com o governo: a reestruturação do Hospital da PM, implantação da gratificação por risco de vida no salário-base e a aprovação, até julho, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), de promoções para os praças.
A categoria, que iniciou o movimento na noite de terça (13), também cobrava aumento de 30% a 50%, dependendo da patente. 
No entanto, recuou da exigência. 
Após a paralisação ter sido decretada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que o canal de diálogo e negociação com os PMs havia sido encerrado.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife não tem uma estimativa de quanto foi o prejuízo do comércio nos dois dias de greve da PM. “Como os lojistas não dizem o quanto faturam, não temos como calcular o total, mas foi um prejuízo muito grande. 
É uma cidade que recebe muita gente de municípios vizinhos e deixou de receber por dois dias”, afirmou o presidente da CDL Recife, Eduardo Catão. Segundo ele, nesta sexta ainda há a ressaca da população e por isso poucas pessoas saíram às ruas. “A expectativa é que mais gente saia de casa durante a tarde, porque vai ganhando confiança de que está tudo bem de novo”, explica.

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